O Experimento de Miller-Urey: Uma Luz que Ofuscou Mais do que Iluminou

 

Em 1953, Stanley Miller, sob a orientação de Harold Urey, entrou para a história ao simular em laboratório o que muitos acreditavam ser a “sopa primordial” que teria originado a vida no contexto da Terra jovem. Seu experimento tornou-se um ícone da abiogênese (a busca por explicar a origem da vida através de processos naturais não guiados), porém, acabou se tornando a prova cabal de que a “hipótese materialista” está mais distante do que nunca de ser comprovado.

 

Num aparato de vidro, Miller recriou uma atmosfera supostamente primitiva, composta por metano, amônia, hidrogênio e vapor d’água, e submeteu-a a descargas elétricas que imitavam raios. Após uma semana, algo surpreendente aconteceu: aminoácidos, os elementos básicos que edificam as proteínas, haviam se formado. A notícia ecoou como um triunfo do paradigma materialista/naturalista: a vida, afinal, poderia surgir de reações químicas casuais.

 

A euforia, porém, logo encontrou obstáculos. O primeiro problema estava na própria atmosfera simulada. Hoje, geólogos e astrobiólogos questionam se a Terra primitiva realmente teve uma atmosfera redutora (rica em hidrogênio e sem oxigênio), como Miller presumiu. Rochas antigas sugerem a presença de dióxido de carbono e nitrogênio, gases que tornariam a síntese de aminoácidos impossível. Além disso, mesmo que aminoácidos tenham se formado, eles estavam longe de ser “a vida”. Eram moléculas isoladas, como letras soltas em uma página, sem a sequência codificada necessária para formar proteínas funcionais.

 

Outro problema ignorado foi a quiralidade. Os aminoácidos produzidos no experimento eram uma mistura de formas “canhotas” (L) e “destras” (D”). Porém, todas as proteínas da vida usam exclusivamente aminoácidos L. Como processos aleatórios teriam selecionado apenas um tipo, em detrimento do outro? A natureza não tem preferência quiral — é como jogar uma moeda mil vezes e sempre cair cara. Essa especificidade é uma marca de intencionalidade, não de acaso.

 

Miller também não enfrentou o abismo entre aminoácidos e sistemas vivos. Produzir tijolos não é o mesmo que construir um prédio. Uma proteína funcional exige sequências precisas de centenas de aminoácidos, arranjados em ordem específica. Como demonstrado no artigo anterior, a probabilidade de uma única proteína média se formar aleatoriamente é de 1 em 10¹⁶⁴, um número maior que átomos no universo observável e, segundo Borel, uma impossibilidade probabilística. Pior: mesmo que proteínas surgissem, elas precisariam se autorreplicar, um desafio que o experimento ignorou. A célula mínima requer não apenas moléculas, mas informação codificada (DNA), máquinas de tradução (ribossomos) e membranas seletivas, sistemas interdependentes que não existem isoladamente.

 

Como se não fosse o bastante, Miller usou “resfriamento seco” para coletar os aminoácidos, um método que não existiria na Terra primitiva. Por fim, descobriu-se que alguns aminoácidos detectados vieram de contaminação do vidro do equipamento, não das reações simuladas.

 

É escandaloso que o experimento de Miller permaneça estampado nos livros didáticos como pretensa “prova” laboratorial do “acaso criativo”. Quando, na verdade, deveria ser apresentado como comprovação das limitações do modelo caótico de explicação para a origem da vida.




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